O fenómeno Bullying é considerado como uma forma mais
frequente de violência juvenil e constitui um grave problema social que
comporta graves consequências nas crianças e jovens vítimas desta prática, onde são
destacadas, as perturbações psicológicas, o insucesso e absentismo escolar,
as dificuldades em estabelecer relacionamentos e homicídio/suicídio, em casos
mais graves.
A palavra Bullying traduzida para português como
“intimidação” ou “provocação” é de origem inglesa e é definida como “o
conjunto de maus tratos, ameaças, coações ou outros actos de intimidação física
ou psicológica, exercido de forma continuada sobre uma pessoa considerada fraca
e vulnerável”.
Este
conjunto de maus tratos ocorre a partir de duas formas, a directa e indirecta:
- A directa inclui agressões físicas (bater, chutar, tomar pertences) e verbais (apelidar de maneira pejorativa e discriminatória, insultar, constranger);
- A indirecta provoca mais prejuízo, dado que pode criar traumas irreversíveis. Esta última acontece através de disseminação de rumores desagradáveis e desqualificantes, visando à discriminação e exclusão da vítima do seu grupo social.
Até há
pouco tempo o Bullying era considerado, pelos professores,
educadores, pais e comunidade educacional, como um processo normal e inofensivo
que ocorria na escola.
Presentemente o tema é tratado com bastante preocupação, devido à consciência que existe sobre as suas consequências para o desenvolvimento pessoal e social das crianças e jovens.
Presentemente o tema é tratado com bastante preocupação, devido à consciência que existe sobre as suas consequências para o desenvolvimento pessoal e social das crianças e jovens.
O Bullying é um tema que tem suscitado especial
atenção, por parte de alguns autores que se dedicam a estudos científicos na
tentativa de procurarem entender as suas causas e os seus efeitos.
O primeiro
estudo científico sobre o Bullying surgiu nos anos 70 na Noruega pelo
pesquisador Dan Olweus da Universidade de Bergen.
Olweus desenvolveu um questionário que aplicou a milhares
de crianças e jovens em idade escolar e constatou que em cada sete alunos, um
estava envolvido em casos de Bullying.
Com os
dados recolhidos Olweus avaliou a natureza e ocorrência das agressões de Bullying e propôs um programa de intervenção ao
governo norueguês que envolveu professores a alunos, com o objectivo de consciencializar e prevenir o Bullying em ambiente escolar.
O resultado
foi bastante satisfatório com uma redução de 50% dos casos.
Devido ao
seu sucesso, outros países como o Reino Unido, Canadá e Portugal, iniciaram
campanhas de prevenção com o mesmo objectivo.
As vítimas
de Bullying apresentam características muito
semelhantes, como a timidez, introversão, sinceridade, inteligência e por norma
têm um bom suporte familiar. Como consequência do Bullying as vítimas ficam
mais propensas a apresentarem problemas comportamentais e afectivos como a
depressão, ansiedade e o suicídio.
Os
agressores apresentam problemas emocionais e de aprendizagem, estão
insatisfeitos consigo próprios, não têm objectivos para o futuro, têm baixo
rendimento escolar, não toleram a frustração e não respeitam as regras de
conduta.
Os actos de
Bullying são presenciados por várias pessoas, geralmente por outras crianças e jovens que não intervêm por medo de sofrerem represálias.
A escola
constitui o contexto privilegiado para a ocorrência deste fenómeno, por se
tratar de um espaço onde as crianças e jovens se relacionam com os seus pares e onde
passam uma parte significativa do seu tempo.
A
comunidade escolar deve estar capacitada para intervir nestes casos, uma vez
que desempenha um papel fundamental na transmissão dos saberes.
Esta
intervenção poderá passar por sensibilizar os pais, professores, alunos e
auxiliares sobre o tema Bullying,
assim como denunciar, estabelecer e aplicar regras e sanções para esta prática,
identificar e intervir sobre atitudes e comportamentos indesejados, apoiar as
vitimas, trabalhar com os alunos sobre as suas consequências, efeitos imediatos
e a longo prazo e essencialmente relembrar os valores que devem estar sempre
presentes, como o respeito, a solidariedade, a cooperação e a cidadania.